domingo, 18 de fevereiro de 2018

Seridoenses tirando Enxu


Imagem de Chico, filho de Zé de Maricota  tirando enxu (Autoria: Genildo da Silva Medeiros)
É pedagógico que conceituemos cada objeto ou ação, em nosso blog. Há um provérbio que diz: "Uma imagem vale por mil palavras". Nesse sentido é preciso que se conheça ou tenha uma mínima noção dos componentes da imagem! Há gerações de Seridoenses que avistando a imagem acima necessitará de uma palavra ou frase iniciais para entender o que fazia Chico de Zé de Maricota com aquele "troço" (linguagem nossa!) dependurado e rodeado de fumaça. Por isso, o conceito do objeto natural e integrante do Bioma Caatinga: o Enxu. Enxu, segundo o Dicionário Ilustrado de Tupiguarani, abaixo referenciado, trata-se de "inseto himenóptero, Vespídeo; enxuí, eixu, eixuí, inxuí, lecheguana, lechíguana, 1ichiguana, siçuíra, inxu, cabamirim, cabaxuí e exu (Nectarina lecheguana); a colméia dessa Vespa; V. eiruba ; formação de terrenos triássicos do PI e MA; m.q. Mearim; ribeirão no município de Balsas, MA a) do T.G ei(ra)-Xu – abelha negra (TS)".  Em nossas palavras: casa ou colméia constituída da espécie Nectarina lecheguana encontrada na Caatinga Seridoense.     
Outro grande pesquisador do Sertão, Oswaldo Lamartine, citado em monografia abaixo referenciada, ensina-nos que dentre dezenas de espécies indígenas criadas em meliponiários Seridoenses está a Nectarina lecheguana - o Enxu.  A pesquisa em referência se dera em 1980. 

Em nosso Sertão Seridoense, além do Enxu, encontramos no "catingote", a Jandaíra Potiguar (Melipona favosa subnitida Ducke) e a Arapuá (Trigona spinipes), as quais não possuem ferrão, registrando que a  Arapuá não ferroa mas morde, enrosca-se em nossos cabelos e, ainda, tenta entrar em nossos ouvidos e nariz. 
Também  se registra no Seridó, há muito tempo, a abelha africana e a européia, aqui mais conhecida por "oropéia", sendo esta última muito valente, predadora da africana e produtora de substância natural, doce, denominado de mel de abelha, muito apreciado pelo Seridoense. 

Interessante informar que a espécie Enxu também ataca o homem, quando das retiradas de suas colméias, registrando que o resultado de seus ataques não põe em risco a vida humana, diferente do ataque da abelha européia ou "oropéia". Há pessoas que sucumbem com apenas uma ferroada da abelha européia tão forte é sua defesa, em forma de veneno. Por outro lado, há notícias de outras pessoas se tratam de doenças recebendo a substância dessas abelhas. 

Para extração ou "tirada" do Enxu, basta um pouco de fumaça, utilizando-se pau de pinhão seco e/ou esterco de vaca e, logicamente, fogo, para que abandonem sua colméia. Não acontece o mesmo com a extração da abelha Européia ou "oropéia". São poucos os tiradores de abelha  "oropéia", em nosso Sertão Seridoense, oportunidade em que registramos a falsificação do mel de referida abelha, em nossa região.     

Diferente do Enxu, em nossa Caatinga,  encontramos a Jandaíra Potiguar (Melipona favosa subnitida Ducke), em extinção, e a Arapuá (Trigona spinipes), ambas meliponiáceas, ou seja, não têm ferrão.  A Jandaíra Potiguar, assim como a brejeira ou caririzeira produzem mel quase líquido, muito procurado na região, em razão de conter substâncias anti-inflamatórias, curativas, utilizado pela população para suas doenças ou prevenções. Por outro lado, até hoje, não ouvimos falar do uso do mel da Arapuá, mas sim, de que são predadoras do fruto do caju e de caules de algumas plantas da região. Há muita reclamação por parte dos Sertanejos do Seridó, quando o assunto é arapuá, mais conhecida aqui por arapuã.     
Imagem de tiradores de Enxu na Caatinga ouro-branquense ( Autoria: Genildo da Silva Medeiros).
            
Referência Bibliográfica: 

Dicionário Ilustrado Tupiguarani. Disponível em https://www.dicionariotupiguarani.com.br/dicionario/enxu/  <http://www.dicionarioinformal.com.br/significado/enxu/6573/>. Acesso em 18 de fevereiro de 2018.

Distribuição geográfica de espécies meliponíneas criadas no Rio Grande do norte. Disponível em http://br.monografias.com/trabalhos3/distribucao-meliponineas/distribucao-meliponineas2.shtml.
 Acesso em 18 de fevereiro de 2018 


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